domingo, 5 de setembro de 2010

O Cravo Espera

O vermelho desbota lado a lado ao verde.
Brasões fenecem impavidamente, tolamente
nos caldeirões virtuais do ouro de ninguém.

Agora que lamentas a hierarquia derreada,
agora que teu povo nas calçadas e escritórios,
espera o dia seguinte e a verdade de tudo ser falsa,

estendes tapetes amarelos, vermelhos e pretos
ao tropel do Touro de Europa, no covil de escorpiões
devoradores uns dos outros no hábito da conveniência.

E neste tempo em que as negras africanas e as
índias sul americanas desnudas de seios fartos
já não te acolhem a empáfia e promessas de servidão,
tu és um cravo a dormir na agonia dos dias melhores.

E nada há que não seja espera.
Jeanne Chaves