segunda-feira, 26 de abril de 2010

Com o tempo...




Decidi que só quero coisas boas,
pessoas boas, ainda que sejam más.
Elas precisam ter algo de verdadeiro
para que não se tornem transitórias demais.




Jeanne Chaves

sábado, 24 de abril de 2010

Sonho Picodélico

Havia umas frases bífidas lá, a debaterem-se em âmagos e egos. Tanto e fora sempre à caixa colorida, reflexo do universo sem nexo, paralelos acesos que nem vela, parafina quando se esvaindo a um mar tão morto não afunda, se faz horto... Estigma... Enigma...
-O que há na Caixa?
-Uma tampa de caneta... O click de um mouse...
-Agite, ouça!
-Não vejo!
-Quantas folhas há naquela árvore?
-Trocentas... n ... Sei não!
-Quase perfeito!
-Professor, eu não entendi!
-Eu também não...
-Kant!! Kantinhoooo! Socorre-me!
-Mocinha, não se conhece coisa alguma de nada se não o modo de perceber a coisa....
-Ora! Então o vermelho das folhas não vem do ocaso?
-Não! Foi um gene que inventou!


Acordei pensando em Gardner mas, hoje a brisa está para Neruda assim como o sonho está para só mais um.
Jeanne Chaves

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Pobrezas


Existe a probreza esquizofrênica;
ora, se é assim que a pessoa se percebe, que seja.
Existe a probreza sem vergonha,
esta é a da fome.
Existe a pobreza de espírito;
é a que vaga, cega, entre uma e outra.
A mais pobre.
Jeanne Chaves

terça-feira, 13 de abril de 2010

Só-Mente

Alguém chamou por Ninguém
nas ruas, com insistência.
Amasiaram-se logo cedo,
nasceram Solidão e Ausência.
Alguém se consumiu de amor.
Ninguém roçou a boca de um poema.
Alguém chorou com calma.
Ninguém aparou uma lágrima.
Alguém se foi, virou a esquina,
Ninguém fechou as cortinas.
Solidão deitou-se à calçada,
anoiteceu, só Ausência a abraçava.
Jeanne Chaves

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Espiando-me (Plinio Menegon)

Tal fiel cão de guarda
Estou a me cuidar.
Tenho coração de estudante
Sempre pronto a debutar.
Ah, coração atrevido
Incoerente e inconseqüente
E que diz ser meu amigo.

Você se doa sem limite
E por mais que eu evite
Você sempre se permite.

Então, tal um cão obediente
Impaciente, intransigente
Fico o tempo todo alerta
Cuidando essa porta aberta.

Cão preparado para a defesa
De sentimento voraz.
E embora você disfarce
Sei do mal que é capaz.

Espio-me.
Por mais que o deslize
Seja pequeno
Eu conheço o veneno
Que cega, maltrata
E às vezes até mata.

Espio-me todo o tempo.
Tenho medo e fico atento
Pois na deslealdade tu és mestre.
Oh! Coração benigno
À procura de um vírus maligno
Para plantar nesse peito agreste.

Presente de Plínio Menegon - Larangeiras do Sul-PR

A Quem Interessa?

O que é?

Estado de espera.
Estado de coisas.
Estado de choque.
Estado de morto.

De que é?

É feito de espera.
É feito de coisas.
É feito no choque.
É feito de morto.

De quem é?

De gente que espera.
Da gente e de coisas.
De gente em choque.
Da gente e do morto.

Para que serve?

Para gente do Estado de Espera.
Para gente do Estado de Coisas.
Para gente do Estado de Choque.
Para gente do Estado de Morto.

Onde fica?

Nos palácios do Estado de Graça.
Nas favelas do Estado de Glória.
Nos templos do Estado de Êxtase.
Nas ruas do Estado de Ócio.

Como é?

É como político em estado de graça.
É como bicho em estado de glória.
É como Bispo em estado de êxtase.
É como gente em estado de ócio.

Quanto custa?

Na internet e TV é quase de graça.
Nos templos depende da glória.
Na cama depende do êxtase.
Nas ruas depende do ócio.



Jeanne Chaves

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Quem é Ele?

O Estado é uma idéia parada no meio de uma intenção. Está na sua ausência evidente e na sua presença demente. Deita-se na cama de outra e come à mesa da Pátria.

Jeanne Chaves

O Engano Definido

A antítese superlativa
chamou-se verdade
e precedeu a impostura
de cada uma das juras.
Ocultou-se de mansinho
na impiedade do carinho,
que depois virou cansaço,
que depois virou esforço,
depois, ficou costume:
mentira que se assume.
Então, chamou-se apego
e com o tempo, desengano.
Jeanne Chaves