quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Earth Song




Um dia, teremos que escolher entre a censura imposta às mídias pelos governos, a censura imposta à nós pelas mídias, e a censura que nos impomos pela negação da realidade próxima. 



Jeanne Chaves





terça-feira, 24 de agosto de 2010

A Parábola



Caso perguntem, teremos sido netos da escuridão e do caos.
Filhos do Sol e da Terra, paridos carbonos desordenados. E esta terá sido a nossa linhagem, e a das algas e dos líquens, e das ervas, e das árvores, dos seres microscópicos e dos insetos, e a dos peixes, e a dos répteis, e a das aves, e a dos demais mamíferos. E para não desesperarmos naquela estadia tediosa nos demos um Deus e um Ego.
Jeanne Chaves

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Hoc Est Facta!

Hocus Pocus!
Os partidos contam seus votos!
As cidades contam seus mortos!
Tontus Talontus!
Tem político posando de santo!
Eleitor vendendo outros tantos!
Vade Celerita Jubes!
E quem disso conhece, não jure!
Quem perde com isso que apure!
(Vai se entender o encantamento dessa democracia!)

Jeanne Chaves




O "Hocus Pocus" deixou seus vestígios na língua inglesa, a expressão passou a significar, no sentido mais amplo, truque ou fraude. Talvez, seja também a raiz de uma outra palavra - hoax - que significa impostura. (Wikipédia)

Volto ao Tema: Generosidade



Em função da discussão acalorada e proveitosa surgida entre eu e a amiga Sara Carvalho, volto ao tema da generosidade. Não pretendo aqui, discutir a bondade como traço de caráter que se evidencia em uma relação mais íntima entre indivíduos de um mesmo grupo social, religioso, político, de trabalho, ou comunitário. Não. Vou escrever sobre a generosidade de Gaia, ou Géia ou Gê, entre outras denominações.

Neste intento, me reporto à "Hipótese de Gaia", uma proposição formulada no fim dos anos sessenta por James E. Lovelock, para explicar o fato de todos os seres vivos estarem interligados entre si e o ambiente físico. Então, a tese de que a Terra seria um organismo vivo estava proposta. Para Lovelock “a Terra precisa ser entendida e estudada como um sistema fisiológico fechado.” O nome Gaia, dado a teoria, é uma homenagem a deusa que representava a Terra na Mitologia Grega.

Impossível avaliar o quanto da moral machista e da religiosidade, e aqui, não confundamos religiosidade com espiritualidade, dos grandes cientistas, interfere na aceitação desta proposição por boa parte da comunidade científica.

Por quê? Porque Deus criou o homem e viu que era bom, e a ele concedeu a sina de “reinar sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre toda a Terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a Terra”. Juntamente com essa concessão, a ordem de multiplicar-se, de frutificar a Terra e sujeitá-la, (Sujeitar: definição: verbo transitivo: 1. Reduzir à sujeição ou obediência; subjugar; ter sujeito; prender; segurar. 2. Submeter para sofrer alteração ou modificações).

Ora, mas a Bíblia foi escrita, originalmente, em três idiomas: o hebraico, o aramaico e o grego. Numa compilação que se utiliza de quatro regras básicas na busca da veracidade da escrita e dos príncípios cristãos originais para o estudo dos vocábulos: 1. Lectio difficilior: variante mais improvável é aquela que pode ser original; 2. Lectio brevior: a frase mais breve tende a ser a original; 3. Lectio difformis: Dentro de um mesmo contexto, se uma frase é diferente e inovador, pode ser a original; 4. Ceterarum originem explicat: O princípio explicado acima: a variante que consegue explicar a gênesis das outras é a original.

Muito depois a Bíblia foi transcrita para o latim e ainda mais tempo depois, para o alemão e outras línguas. Isto é um fato. Como é fato também, que a Igreja Católica através de seus vários concílios ao longo dos séculos, a modificou para atender alguns interesses institucionais. Assim como a Reforma Luterana se insurgiu contra os interesses da Igreja Católica e a favor dos seus próprios.

Digressões em separado, e retomando o objetivo do texto... Apesar de existirem dois contextos e vários vieses oriundos dessa cisão da filosofia cristã para atender as necessidades espirituais de povos distintos, com origens e hábitos coletivos diversos, a presunção do domínio exclusivo sobre a Terra, palavra do gênero feminino, e sobre todos os seres viventes, nesta ordem, não se alterou nos escritos. Este ideário, embora sustentado em outras bases filosófico-religiosas é observado também em outros livros ditos sagrados.

Assim como é nas ciências, que tem sua origem na filosofia, e deixou de ser empírica quando passou a ser exclusivamente, necessariamente, experimental, com a introdução de um novo conceito: o método científico.

“O ateísmo é tão insensato e odioso à humanidade que nunca teve muitos professores.”

Pensamento de Sir Isaac Newton, contra a filosofia materialista que sobressaía no pensamento ocidental, tendo como bases a sua "mecânica newtoniana".

Não se trata aqui que afinar discurso com o clero, mas da visão iluminada de um cientista que se recusou a ter seu pensamento transformador do conhecimento existente na época a justificar outro, emergente, que priorizava o aspecto material da vida em detrimento do espiritual, mas este último sempre esteve em "xeque" desde que o homem começou a se utilizar da racionalidade em suplantação ao instinto.

Mas qual a distância precisa entre o conforto espiritual e o conforto material?

Pois as igrejas e templos, na sua suntuosidade, no modo de vida e no poder de consumo de quem as preside, não são um exemplo contraditório de que essa distância é incomensurável?

Nos demos objetivos materialmente inatingíveis, um paraíso onde tudo e todos se igualam. E onde as privações, materiais e do caráter pessoal do indivíduo não existem. Esta expectativa nos faculta a supressão dos princípios da filosofia cristã.

Como o homem, Deus foi criado à própria imagem das religiões e suas interpretações fabulosas sobre de onde viemos, como devemos viver e para onde vamos. E inexiste uma preocupação mais profunda em se utilizar da racionalidade para se questionar os motivos de estarmos aqui.

A racionalidade humana nos impele a elaborar ou absorver um conceito excludente a outro, uma escolha excludente a outra. Mas, jamais nos assegurou de que esta ou aquela seriam as necessárias à manutenção da vida na Terra, no máximo, nos proporcionou as que são mais convenientes, e a isto chamamos de adaptação.

Sob esta óptica de conveniência foi que se estabeleceram os papéis do homem e da mulher na sociedade, com base em suas origens ancestrais, onde o homem era destinado à caça e ao provento da proteção contra predadores e contra eles mesmos, e onde à mulher cabia a procriação e os cuidados com a prole. Embora atingindo um ponto em que o conhecimento acumulado pela vivência, e pelo produto do pensamento de vários renomados cientistas e filósofos do pensamento iluminado, o que colocava as mulheres na mesma condição de racionalidade dos homens, àquelas era negada ou reprimida a expressão do pensamento em áreas onde o conhecimento poderia por em risco a supremacia bíblica do macho humano.

Em sintaxe, a condição do sujeito que domina é dominar.

Falo de um tempo em que aos seres humanos do sexo feminino era proibida a participação nos estudos e discussões filosóficas e científicas, estas, estavam sujeitas aos seres humanos de sexo masculino. Assim como as religiões estiveram e estão sujeitas a princípios patriarcais. À imagem e semelhança de Deus? “Criou Deus o homem à sua imagem; a imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou.”

Cumpre-nos agora, abstrair que por um tempo demasiado longo a humanidade se privou através das instituições por ela criadas para o controle e o conforto material e espiritual do indivíduo, da perspectiva de uma existência integrada com os fatores bióticos e abióticos da Terra e da integração entre os "fatores" macho e fêmea humanos, num âmbito além da reprodução da própria espécie.

A qualidade de quem vive deveria ser deixar viver.

No entanto, o entendimento instintivo desta questão passa, indubitavelmente, pela espiritualidade de mulheres que se assumem como fonte primordial de alimento, como Gaia ou Géia ou Gê ou Terra. As mulheres que oferecem seu leite materno a um animal diferente da sua espécie, em sua maioria, não professam nenhuma religião cristã ou ciência. E se uma fêmea oferece as tetas a um animal de outra espécie, é porque são capazes de maior generosidade para com a vida do que a nossa racionalidade dogmática, pragmática e macanicista permite.

Talvez, seja um ato cristão pensar que a mesma condição de sobrevivência, "generosamente", ofertada pela Terra aos nossos ancestrais e demais animais, seja a que ela nos cobra para se manter e a nós outros.

Mas não creia, minha amiga Sara, que estou aqui a estabelecer um paradoxo, pois que ele já existe, e talvez seja muito tarde para se perceber que o machismo feminino é-nos, a nós mulheres, imensamente peculiar, e dificulta nossa visão, num plano mais alargado do que seja viver e deixar viver. Não seria uma atitude cristã tentar modificar um pensamento e um modo de vida que garante uma co-existência pacífica com todos os conflitos de nós. Talvez, tua boa vontade em discutir comigo os teus conceitos religiosos aprendidos, seja outro aspecto da generosidade, aquele que faz com que tenhamos vontade de dar a outrem a exemplificação de como estamos bem com nós mesmos do modo que somos, para que sejamos iguais em felicidade. E talvez, exista generosidade em perceber que a forma como buscamos a felicidade e o bem estar conosco, com os nossos pensamentos e nossa postura diante da vida, evidentemente, viaja por outros nortes.


Jeanne Chaves

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Um Capital Mais Humano

O Capital e a Vida

A pobreza é tão necessária às sociedades humanas quanto o é a riqueza. A última se alimenta da primeira, portanto, qualquer utopia romântica acerca da erradicação da pobreza no mundo, colocaria, seriamente, o capital em risco, as crises econômicas existem como que para lembrar ao homem disso; se alguém subiu na gangorra é porque alguém desceu. A pobreza mantém suas populações sob controle através de mecanismos já conhecidos: doenças, violência, nutrição deficiente, moradias em lugares que são verdadeiras armadilhas, meios de transporte arriscados etc. Os mecanismos de controle populacional da riqueza, igualmente, são conhecidos: quando um mega bilionário investe em pesquisas sobre doenças, as quais ele estaria sujeito a desenvolver, o faz exclusivamente por si, e certamente, este leva uma vida menos exposta a morte e ao desconforto. Claro, o benefício secundário para alguém é involuntário, se a descoberta não for patenteada por grandes empresários com o objetivo do lucro sobre a sua utilização, como é o caso do Projeto Genoma Humano. "Se a vida tem um preço, o adiamento da morte tem outro que a pobreza não pode custear".


O Capital e a Ciência


Há que se admitir que o capital, mais que em qualquer outro período da história, é o elemento limítrofe, determinante dos estratos sociais globalmente, e que para tanto, o conhecimento científico em todas as áreas de domínio das ciências mais que se prostituiu, deixou-se subjugar em função dele, dentro do Estado de Direito de todos os países. Deste modo, igualmente utópicos e românticos, são os ideais anticapitalistas, porque jamais fizeram parte da natureza humana. Assim, a grande sacada da humanidade seria o reconhecimento de que o capital, na forma como é utilizado, se torna mau porque é deste modo o homem o pratica, mas que na verdade ele é o meio temo entre a barbárie e a paz.

O Capital e o Medo


A busca da individualização de sentimentos nobres como a compaixão e a piedade não tem mudado o rumo das sociedades, mas sobrecarregado, excessivamente, de culpa o indivíduo. Nos extremos, exacerba necessidades fúteis, que levam um homem a matar outro por algum objeto além de sua capacidade financeira de possuir. Tem feito nações inteiras dormirem e acordarem com o pavor de atentados terroristas e de uma Grande Guerra, mas então, já não é o medo da pilhagem, da expropriação, comuns da barbárie, que os afronta, mas a possibilidade da descida da escada do orgulho, onde ela escorou suas ideologias equivocadas, esquecendo que estas e a de outros povos transitam nas mesmas vias.


O Capital e a Globalização

O princípio norteador da globalização deve, por questões éticas e morais, passar pela globalização do capital e não, astuciosamente, pela internacionalização dos recursos naturais ainda disponíveis, essa última idéia não disfarça o objetivo de sujeitar populações economicamente mais frágeis, num processo de re-colonização em nível econômico, político, social e cultural, para o exercício do capitalismo parasitário.

O Capital e a Quebra de Paradigmas

A grande sacada da humanidade seria reconhecer que o homem pondera sobre o seu tempo de vida útil, 70 a 80 anos, como uma perspectiva curta, que o leva ao desprezo pela qualidade de vida dos que ficam após o seu desaparecimento, mas em contra partida, os seus descendentes são a única possibilidade real de oposição ao egoísmo coletivo, e são os detentores do poder de preservação e manutenção do "meio terrestre". São os portadores da sua história e do seu pool gênico.


Jeanne Chaves

Um Passo Para a Frente, Dois Para Lugar Algum de Nós.

Se insistirmos na incapacidade de aprender com o passado, o futuro acelerado pelo imaginário humano, potencializado pela gama de tecnologias desenvolvidas para se alcançá-lo cegamente, tão somente justificará os padrões repetitivos que a humanidade assume no presente. E se chegará a conclusão que, "humanamente", esta nossa trejetória não apresentou nenhum progresso ou evolução.
Jeanne Chaves

Haver

Existir é encontra-se continuamente com os próprios espelhos.
Jeanne Chaves

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Sobre Generosidade

Desconheço a autoria da foto que me foi enviada pelo amigo Ricardo André, mas se alguém souber o nome do fotógrafo, por gentileza, envie e-mail para incontinentemente@gmail.com. Ficarei muito grata.

Na escuridão do Século XXI, muitos hábitos e atitutes, construídas a égide do Iluminismo, nos separam a nós, seres humanos, dos animais. Outras nos colocam frente a frente com a nossa origem única e animal, seja no estupro de nossas filhas e filhos, na exploração do homem pelo homem, na escravização de seres humanos pelo "medo" de Deus e de Satã, no ataque do próximo ao próximo com o intuíto de "sobreviver". Mas, comida e abrigo e fé já não são suficientes. Francis Bacon estava errado, conhecimento só é poder diante de quem se deseja dominar, diante da natureza é catástrofe. René Descartes estava errado, tudo o que se inclui no conceito de corpo pertence a mente. Isaac Newton estava errado, e o que não pode ser medido pode ser quantificado. Tomaz Hobbes estava certo e chegará o dia em que uma nota de dólar não poderá comprar mais nada. Quando este dia chegar, ao menos terá restado a nós, humildade que condiga com a escassez de recursos? Ou nos instalaremos em divãs freudianos de pedra e buscaremos respostas para o que vimos e não soubemos enxergar?
Jeanne Chaves