sábado, 9 de outubro de 2010

Deus-Pacto






Há uma rotura, também, clareza e vertigem
nos olhos que me deste de olhar acima,
para o canto que convém à partida.

Tendo ficado, contudo, me misturo, perduro.

Satisfaz o telhado de estrelas ao meu escuro.

Pois, não Te sei. Se sabes quando morro,
se somente adormeço, não sei, Senhor.
Nada de omnisciência sei. Não saber nos isenta.

Minha culpa é que respiro, a Tua, a que Te faz
esconder o nome como se foras homem,
Te faz parecer homem como se fora Deus.

Apenas, sei que Teus pecados são os meus,
os meus, omnipresentemente Teus, por tê-los
criado no mesmo feitio que em mim Te criei.

Hoje, elas não vieram, deixaram o vento em paz.
Escuta como são bondosas essas tuas aves,
recolhem-se por uma partícula perdida a sós.

Não queria ser a harpa, me aprazia as cordas,
intervalo de dedos e braços, talvez, o toque,
onde eu Te pertença do cerne à raiz, campo ao grão.
Concertos de silêncios para uma única voz.

Calou-se, tal segredo, na foz, na margem, o rio.
Nenhuma gota se mexeu, galho algum se partiu.

Nada fecundou que conhecesse o seu destino,
é por isto que Hás de Ser como se fosses preciso.

Basta-me uma lauda velada entre os santos,
de tanta lonjura, de Ti, somente um motivo
para dizeres que És enquanto eu tenha sido.

Apaziguados nesse ato de mim para Contigo,
de Ti para comigo, selemos o nosso pacto,
então serei, serás feliz.


Jeanne Chaves
Foto: Reinaldo Lopes Moreira