É sempre ao pôr do sol que me vem,
empunhando delícias graves, eretas.
E eu, necessitando estar certa
que é apenas por mim que tu vens,
conjugado em sêmen de nuvens,
ao Criador dás a significância exata
da umidade carcomida de tuas asas,
mas que aos meus desejos convém.
Penetra-me abrasador e profundo,
olhando-me, olhos de anjo obsceno,
como se despojado do seu mundo,
restasse a si, eu, o abrigo nefando,
que acolhe em desejo sereno,
tuas dúvidas, crenças, fardos e tudo.
Jeanne Chaves
Fotografia: Cau Alexandre