quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sonetos de Amar - III




É sempre ao pôr do sol que me vem,
empunhando delícias graves, eretas.
E eu, necessitando estar certa
que é apenas por mim que tu vens,

conjugado em sêmen de nuvens,
ao Criador dás a significância exata
da umidade carcomida de tuas asas,
mas que aos meus desejos convém.

Penetra-me abrasador e profundo,
olhando-me, olhos de anjo obsceno,
como se despojado do seu mundo,

restasse a si, eu, o abrigo nefando,
que acolhe em desejo sereno,
tuas dúvidas, crenças, fardos e tudo.

Jeanne Chaves


Fotografia: Cau Alexandre